Tropa Lanterna Verde



"Ela não é bem minha mulher. É a mãe dos meus filhos. Não, não temos filhos; mas às vezes é como se tivéssemos. Ela não é bonita, é alguém com quem é fácil viver. Não, não é; por isso é que não vivemos juntos." Michelangelo Antonioni

quinta-feira, 11 de março de 2010

Memórias Póstumas de Brás Cubas


Após ter morrido, em pleno ano de 1869, Brás Cubas (Reginaldo Faria) decide por narrar sua história e revisitar os fatos mais importantes de sua vida, a fim de se distrair na eternidade. A partir de então ele relembra de amigos como Quincas Borba (Marcos Caruso), de sua displicente formação acadêmica em Portugal, dos amores de sua vida e ainda do privilégio que teve de nunca ter precisado trabalhar em sua vida.

A trama do filme começa com o enterro de Brás Cubas, um malandro e bon-vivant do Rio do século 19. Seu “fantasma”, então, resolve fazer uma retrospectiva dos episódios que marcaram sua vida: o nascimento, a infância, os romances, as desilusões, a morte. Apesar de seguir ordem cronológica, desde o nascimento até sua morte, Brás inicia seu relato com seus últimos momentos, para só depois contar sua biografia..

Percebe-se que pequenas adaptações foram feitas do livro para o filme, sem, porém, qualquer perda para o ritmo da história. Exemplo disso é o uso do termo espectador em vez de leitor, já que Brás Cuba faz seu relato de forma pessoal, como se conversasse com o leitor/espectador.

Após sua morte, Brás Cubas (Reginaldo Faria / Petrônio Gontijo), disposto a se distrair um pouco na eternidade, decide narrar suas memórias e revisitar os fatos mais marcantes de sua vida. E adverte: A franqueza é a primeira virtude de um defunto. É com desconcertante sinceridade que ele relembra sua infância, juventude, incidentes familiares e personagens marcantes, como o amigo Quincas Borba (Marcos Caruso), que passa de mendigo a milionário. Fala ainda sobre sua formação acadêmica em Portugal e o discutível privilégio de nunca ter precisado trabalhar. Com a mesma franqueza, Brás Cubas convida o espectador a testemunhar sua tumultuada vida amorosa. Lembra o primeiro amor, a cortesã espanhola Marcela (Sonia Braga) que amou-o por 15 meses e 11 contos de réis. O segundo, a jovem Eugênia (Milena Toscano), que apesar de ser bonita, mancava. E sua grande paixão, Virgília (Viétia Rocha), que acaba trocando-o pelo político Lobo Neves (Otávio Müller). Abordando o cotidiano ou acontecimentos nacionais, na vida ou na morte, Brás Cubas alterna ironia e amargura, melancolia e bom-humor sem perder a leveza. Em qualquer estado de espírito, ele nos surpreende pela irreverência e devastadora lucidez. A condição de autor/defunto permite que Brás aborde assuntos e pensamentos de tamanho valor filosófico, que só mesmo uma pessoa na fronteira entre a vida e a morte seria capaz de imaginar.

O filme não só retrata à sociedade do seu tempo, mas também mexe com espectador levando a profundas reflexões sobre atos praticados quase naturalmente no dia-a-dia. E além de retratar e divertir o filme faz com que os espectadores pensem e reflitam e assim consigam, de alguma maneira, crescerem como pessoas, como seres humanos. Não tendo uma vida como Brás Cubas com o falso brilho que a riqueza pode dar, mas inútil do ponto de vista humano.


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